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A MORTE E RETORNO DO SUPER-HOMEM – PARTE 2

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Na vida real tudo que sobe, desce… nos quadrinhos tudo que morre, ressuscita. Superman pode não ter sido o primeiro cara a voltar dos mortos, mas foi o primeiro dos quadrinhos a fazer isso com estilo.

Depois de falar da morte do herói, chegou a hora de falarmos sobre seu retorno que, assim como a história d’A Morte do Super-Homem, despertando amor e (mais ainda) ódio no coração dos leitores. Houve algumas edições entre as duas grandes publicações, como “Funeral para um amigo”, só que eu não li e ninguém se importa também. O Retorno do Super-Homem tem o nome original em inglês de “Reign of the Supermen!”, ou “O Reino dos Super-Homens”, e é chamado assim devido ao fato de quatro pessoas surgirem clamando para si o título de Super-Homem. No Brasil, foi lançada originalmente em três edições.

As edições brasileiras

As edições brasileiras

A história tornou-se clichê super-heroico: O herói morre, alguém vem tomar seu lugar, o substituto falha e o original volta cheio de glória, mostrando que ninguém pode tomar seu lugar. Isso ocorre n’O Retorno (não é spoiler nenhum, afinal o TÍTULO da obra já conta o que vai acontecer!), porém com uma levada mais crítica.

Cada Super-Homem assume um arquétipo de personagem famoso na época e também um dos outros títulos possuídos pelo herói original. A primeira edição da saga trata justamente da apresentação dos personagens:

“O Último Filho de Krypton”, ou “Super-Homem de Visor”: Trata-se na verdade do Erradicador, antigo inimigo kryptoniano de Kal-El que desperta depois da morte do Superman. É o Erradicador quem tira o cadáver do Super-Homem de seu mausoléu, levantando as dúvidas sobre ele ter realmente ressuscitado, e o leva até a Fortaleza da Solidão para usá-lo como fonte de energia solar. Ao fazê-lo, acaba absorvendo a aparência e memórias do herói, que o fazem voltar a salvar as pessoas, porém de forma muito mais violenta, matando e ferindo criminosos indiscriminadamente. Este personagem seria uma representação dos super-heróis e/ou anti-heróis implacáveis e sanguinários da época que faziam tanto sucesso, usando até um óculos escuro pra ficar mais “malvadinho”. Watchmen, O Cavaleiro das Trevas, Wolverine e Spawn dão exemplos deste tipo de personagem. É eleito por Guy Gardner e pela população que clamava por justiça “custe o que custar” como sendo o novo Super-Homem.

Nada representa mais os super-heróis dos anos 90 que Spawn!

Nada representa mais os super-heróis dos anos 90 que Spawn!

“A Maravilha de Metrópolis”, ou Superboy: Adolescente super-poderoso que surge alegando ser um clone do Super-Homem e seu verdadeiro sucessor, portanto. Possui poderes parecidos, porém é inconsequente e mulherengo… e ODEIA ser chamado de Superboy! Representa o heróis jovem e “descolado” dos anos 90, usando até mesmo o símbolo máximo desta década nos quadrinhos: a jaqueta (TODO mundo usava jaqueta nos anos 90!). Os Titans, X-Men, Gen¹³ e até as Tartarugas Ninja (que também eram adolescente e mutantes)usavam o herói adolescente para uma maior aproximação com o público desta faixa etária. Assinou um contrato de exclusividade com uma emissora de TV, sendo detentor dos direitos sobre a marca “Super-Homem”, tornando-se então o Super-Homem oficial da imprensa e do merchandising.

Jackets... jackets everywhere!

Jackets… jackets everywhere!

“O Homem de Aço”: Engenheiro militar brilhante chamado John Henry Irons que constrói uma armadura para simular os poderes de Kal-El e defender seu legado, já que teve sua vida salva por ele, e para prender uma traficante de armas que está vendendo suas criações nas ruas. As armaduras estavam em alta nos anos 90… Homem-Aranha, Demolidor, Capitão América, Batman e mais uma porção de gente já as usou nessa época, provavelmente para dar mais “realismo” à ideia de pessoas que saem para combater criminosos usando armas de fogo. Aço, como passou a ser chamado, diferentemente dos outros nunca clamou para si o título de novo Super-Homem, dizendo que usava seu símbolo apenas para honrar o herói original. Sendo o único dos quatro a seguir realmente o comportamento esperado de um super-herói, é eleito por Lois Lane e mais alguns conhecidos como o herdeiro da “alma” do Homem de Aço original.

Armaduras... num tava fácil pra ninguém!

Armaduras… num tava fácil pra ninguém!

“O Homem do Amanhã”, ou “Super-Homem Ciborgue”: Clama ser o verdadeiro Super-Homem, tendo partes de seu corpo substituídos por metal devido aos danos sofridos na batalha com Apocalypse. Sabe várias coisas que apenas o verdadeiro kryptoniano poderia saber, mas alega um pouco de amnésia devido ao trauma da morte. Vale lembrar que o final dos anos 80 e início dos 90 foram o auge do “cyberpunk”, com ciborgues para todo canto. Cable, Ciborgue da DC e até Exterminador do Futuro e Robocop são grandes exemplo desta categoria de personagem. Por ter DNA e metal kryptonianos, foi eleito pelo professor Hamilton e pelo governo dos EUA como sendo o Super-Homem oficial.

São os anos 90, Aranha... te cuida!

São os anos 90, Aranha… te cuida!

A segunda edição mostra o desenvolvimento da relação entre os Super-Homens, incluindo eventuais porradarias entre eles (não poderia faltar…) e a revelação de que o Superciborgue, como ficou conhecido, é na verdade um vilão que almeja dominar o mundo. Também é mostrado que o verdadeiro Super-Homem, devido aos aparelhos usados pelo Erradicador para preservar seu corpo e absorver sua energia, havia ressuscitado de fato. Bem enfraquecido, ele começa sua jornada de volta à Metrópolis.

O numero três mostra a investida do Super-Homem, Superboy, Aço, Super-moça, Lanterna-Verde e Erradicador contra o Superciborgue e Mongul, outro conhecido inimigo do kryptoniano e agora aliado do cibogue. Juntos os vilões haviam destruído Coast City, a cidade do Lanterna, e construído no local uma Cidade-Motor, uma turbina gigante que faria com que a Terra fosse arrancada da órbita do Sol e se transformasse num “Mundo Bélico”, uma espécie de Estrela da Morte.  O próprio Super-Homem, sem estar com seu poder total, acaba pegando algumas armas dos soldados da Cidade-Motor e as usando contra os inimigos, o que junto com seu uniforme fúnebre negro faz lembrar bastante o Justiceiro e demais personagens que mandavam bala naquelas épocas.

Até o Superboy achou o Super "Massa, véio!"

Até o Superboy achou o Super “Massa, véio!”

No final, o Erradicador se sacrifica para salvar a vida de Kal-El, lhe restaurando os poderes por completo. Este então MATA o Superciborgue (e tem gente que reclama dele matando uma galera aí no filme novo… inocentes!) e voa em direção ao por-do-Sol como Super-Homem novamente, mas agora com aquele cabelo comprido com o qual ficou por vários anos.

Aço e Superboy estão aí até hoje, tornando-se personagens de sucesso da DC Comics. A destruição de Coast City foi muito importante para as histórias de todo núcleo dos Lanternas Verdes, cujas repercussões são relevantes até hoje também. E, claro, Superciborgue e Erradicador, mesmo tendo morrido, já voltaram várias vezes, sendo que o primeiro tornou-se um dos maiores vilões da DC.

Fiz este resumão da história porque quero dar mais ênfase à outro ponto, que é o subtexto da história. Apesar de não ser algo dito abertamente, a mensagem final fica sendo que não importa a modinha, não importa o quão cool, o quão “malvadinho” seja o personagem, nenhum deles pode superar o Super-Homem. O vazio deixado pelo personagem no universo DC não foi o de seu poder, e sim da inspiração que ele causava, de seu exemplo. Seu retorno dos mortos, assim como sua criação, gerou novas tendências e talvez seja o marco da chama Era Moderna dos quadrinhos, onde aquela ânsia por “realidade” das eras de Bronze e Ferro foi deixada de lado e as ideias antigas foram retomadas aos cânones dos personagens. Mais uma vez o Homem de Aço (o original) ditava as regras dos quadrinhos e levantava uma questão intrigante: como ninguém ligou o fato de que Clark Kent, dado como morto durante o ataque de Apocalypse, voltou à vida na mesma época que o Super-Homem… usando os mesmos cabelos compridos?

Os quatro substitutos e o original, cabeludo... que só fazia um rabo-de-cavalo quando estava de Clark...

Os quatro substitutos e o original, cabeludo… que só fazia um rabo-de-cavalo quando estava de Clark…

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